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Cara de Mamão Macho

  • 24 de jun.
  • 2 min de leitura

Os peitos e a fumaça
Cara de Mamão Macho

 

Desde criança, meus pais costumavam me chamar de mamão macho. Era uma forma carinhosa de se referirem a mim. Eu achava graça naquilo e nunca me preocupei em saber o que, afinal, era um mamão macho.

 

Engraçado como certas expressões são plantadas na gente, como girassóis que nascem sozinhos em terrenos não adubados. Simplesmente germinam, depois de viajarem no bico de um passarinho qualquer.

 

E eu gostava de ser chamada assim.

 

Mamão macho.

 

Com o tempo, passei esse carinho adiante.

 

Chamo meus filhos de mamão macho, e eles também não acham ruim. Nunca me pediram explicação para a expressão.

 

Tem coisas que simplesmente são. E, no fundo, são essas coisas simples que mais permanecem. As que brotam sem esforço, as que não precisam de tradução.

 

Outro dia, por pura curiosidade tardia, resolvi procurar o que significava de verdade essa tal expressão: mamão macho.

 

Descobri que o mamoeiro tem dois tipos de fruto. O "fêmea", que dá o mamão doce, macio, de comer de colher. E o "macho", que cresce com aparência igualzinha, mas não amadurece.

É o que fica duro, cheio de sementes, impróprio pra consumo, dizem.

 

Na teoria, não serve pra muita coisa. Mas na prática… me serviu de nome, de apelido, de afeto.

 

E, de repente, entendi: ser mamão macho era sobre caber no mundo sem precisar adoçar ninguém. Era sobre ser aceito do jeito que é, com durezas, sementes em excesso, jeitos tortos. Era sobre amor que não exige utilidade.

 

Na minha casa, essa expressão nunca teve o peso da ofensa. Era só uma forma meio torta de dizer “você é minha”, “você é nossa”.

 

Era apelido de quem cuida.

 

E agora que sou eu quem cuida, repito a mesma frase pros meus filhos, talvez com o mesmo tom, talvez com a mesma intenção antiga, que nem sei explicar, mas sinto.

 

Eles sempre riram da expressão quando pequenos. Hoje, já crescidos, continuam sem perguntar o significado. Aceitam a referência sem qualquer intercorrência. Lembram que os avós, meu pai e minha mãe, também os chamavam assim, quando eram pequenos.

 

É a herança do carinho que fica, mesmo com a partida definitiva dos dois.

 

A saudade tem cara de mamão macho.

 

 

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