MAR DE ROSAS
- Jerusa Furbino
- 26 de mai.
- 2 min de leitura

Escrevo desde muito nova. Meus diários de infância e adolescência são repletos de poesias e pensamentos. A escrita sempre foi meu sonho. Em 2011, aos 31 anos, dei o primeiro passo para trazê-lo à tona criando um blogger no Google. Mas a vida — filhos pequenos, carreira jurídica em ascensão, casamento — me levou por outros caminhos. Aquela tentativa não prosperou.
Ainda assim, deixei ali alguns textos. E hoje, no meu novo blog — agora com o compromisso diário de fazer da escrita meu ofício — quero compartilhar um deles com vocês.
Com vocês, o texto Mar de Rosas, publicado originalmente em março de 2011.
Mar de Rosas
A expressão mais equivocada que conheço quando se quer dizer que a vida é fácil e tranquila é essa: "mar de rosas", isto porque, para mim, esta expressão deveria ser usada em seu sentido oposto, qual seja, quando a vida está extremamente difícil ou complicada.
Quando me imagino nadando em um "mar de rosas", lembro dos espinhos e logo me vejo toda espetada e ferida.
Já imaginaram como seria nadar em um mar de rosas? Deve ser a coisa mais difícil e impossível de se fazer.
Apesar da beleza extraordinária das rosas e do seu perfume, as rosas têm espinhos que ferem e machucam qualquer mão, seja sensível ou não.
E, fazendo essa analogia das rosas com a nossa vida, é fácil perceber que todos nós passamos por dificuldades — seja financeira, seja amorosa, seja falta de saúde, seja o que for —, tudo que nos faz sofrer são como os espinhos da rosa. Por isso, machuca, dói, fere, sangra...
Por isso, para mim, todos vivem em um mar de rosas, pois todos passam pela vida por momentos bons (que são as pétalas e o perfume), como todo mundo também se machuca e se fere com os espinhos da vida. E é nestas feridas provocadas pelos espinhos que nos fortalecemos para poder enxergar a beleza das rosas.
O que não se pode fazer é deixar que somente os espinhos dominem a nossa vida a ponto de não podermos sentir o perfume das rosas.
Viver, portanto, no meu ponto de vista, é saber aprender com os espinhos da vida, que não são poucos, mas o mais importante é conseguir visualizar que, além dos espinhos, existem as pétalas das rosas e o seu perfume — duas qualidades que superam o seu único defeito.
Viver no mar de rosas não é apenas viver sem problemas, por isso essa expressão deve ser revista, visto que viver em um mar de rosas é viver sabendo enfrentar os espinhos que insistem em nos espetar e, principalmente, olhar adiante, expandindo nossos sentidos para sempre conseguir sentir o perfume das rosas.
Depois de revisto o conceito do mar de rosas, quando você quiser falar que uma coisa é muito fácil, é melhor dizer que a vida é um mar azul, cristalino e quente como as águas nordestinas...
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