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45 Anos


Os peitos e a fumaça
45 anos

 45 anos! Dia de soprar velas, fazer pedidos, agradecer. Esse ritual ao qual somos inseridas desde o nascer. Cantar “Parabéns pra você”!


E eu fico a me perguntar se realmente estou de parabéns. Se tenho conseguido dar nó na vida quando ela tenta me desalinhar. Vivo em constantes tropeços, desconstruindo certezas, ampliando as dúvidas da minha cabeça, criando medos bobos — mas que, para mim, fazem sentido.


Eu sempre choro na véspera, na antevéspera e no dia do meu aniversário. As lágrimas, minhas companheiras mais fiéis do rosto — mais até que os pés de galinha em construção — sempre vêm me visitar.


Crescer dói. Viver dói. E, mesmo assim, a gente diz que a vida presta. Porque presta mesmo.

Mesmo se for um lixo, a gente encontra valor. Viver é a única opção de quem está vivo. Parece óbvio, né? Mas, por vezes, não é. Tem gente que encontra o gatilho da morte antecipada. Eu já pensei — e penso — nela às vezes. Mas morrer antecipadamente, antes do fim da festa, parece coisa de gente egoísta, que não valoriza o anfitrião que preparou tudo com tanto cuidado para te receber em sua casa.


Vou viver. Só consigo enxergar essa opção, mesmo que a janela ou o fundo do mar me chamem, por vezes.


A vida presta.


Ontem fui a uma palestra e ouvi, mais uma vez, que existem estudos mostrando que a maioria dos adultos que atravessa as três fases básicas do jogo — criança, adulto e velho — terá ao menos três profissões distintas.


Eu já passei desse número e ainda nem cheguei na fase três. Fui professora, fui secretária, fui vendedora, fui advogada, sou escritora e motorista de aplicativo — para pagar as contas, que chegam todo mês e só servem para calar sonhos e nos convencer de que o capitalismo é uma merda. Mas isso é outra história.


A vida presta.


Hoje ouvi, em um curso de autoconhecimento, que o discurso vanglorioso das pessoas que se dizem multitarefas é falso. Na verdade, a maioria é apenas desfocada, desatenta e desmotivada. Me vi pintada num quadro. Faço tanta coisa que perco o foco, não faço as coisas direito e, a cada dia, dá vontade de jogar tudo para o alto. Mas tudo o quê mesmo?


A vida presta.


Ah, esse jargão da nossa maravilhosa Fernanda Torres resume tudo que a vida é. Pois, mesmo cheia de desafios — que são pedras para os poetas — no fim, no meio, nas entrelinhas... ela, a vida... ela presta!


Entre listas de compras anotadas na cabeça, quero fazer um balanço, uma retrospectiva dessa jornada até aqui. Se eu viver mais 45 anos, posso dizer que hoje é minha meia-idade. Então, vamos lá:


Nasci numa sexta-feira, às 18h30, com ascendente em Escorpião, Lua em Virgem e Sol em Touro. Obtive essa informação ao fazer meu mapa astral, mas até hoje não sei bem o que isso quer dizer. Ainda assim, gosto de conversar sobre signos — de certa forma, isso amplia nosso repertório de conversas aleatórias e inúteis que usamos para nos relacionar uns com os outros.


Era filha única da minha mãe e caçula do meu pai. Era — assim no passado mesmo — porque agora sou órfã. É complexo perder os pais. Há muitos conflitos envolvidos quando o assunto é saudade indelével e intransponível.


Comecei a querer namorar cedo. Aos doze anos já dava uns beijos nos meninos do bairro. Aos quinze, conheci meu primeiro marido, com quem fui casada por 19 anos, depois de namorar por 6. Ou seja, 25 anos de união.


Tenho dois filhos: um adulto e uma adolescente. A maternidade, para mim, é o papel multitarefário que mais tenho dificuldade de exercer. Ser mãe é tão complexo quanto a matemática para mim. Até hoje faço contas usando os dedos das mãos e dos pés.


Tenho amigas de infância que ainda caminham comigo. Tenho orgulho disso.


Publiquei meu primeiro livro aos 40 anos.


Arrumei um novo namorado também aos 40, no meio da pandemia, no fim do casamento. Esse namoro já era.


Hoje, moro com um novo amor. Estamos nos conhecendo, administrando boletos do carro elétrico, beijos, roupas sujas, músicas tocadas aos domingos, filmes que eu durmo no meio, séries que não cansamos de assistir...


A vida presta.


Comecei a falar de mim, e tudo parece tão simples quando escrevo — enquanto, na minha cabeça, guardo segredos e culpas, medos e poesias.


Continua...

 

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JERUSA ALVES FURBINO DE FIGUEIREDO
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